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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Quando o Juízo Final leva muitos a perderem o juízo



No último dia 12 de outubro cerca de 40 policiais militares do Piauí cercaram uma casa em Teresina, capital do estado, onde 120 pessoas estavam reunidas para esperar, acreditem, o fim do mundo, fenômeno dos fenômenos que, segundo um homem de 43 anos que se intitulava “profeta”, aconteceria naquele mesmo dia, uma sexta-feira, precisamente às 16 horas, sob o sol a pino no cerrado piauiense.
Lá se vão dois meses, e o mundo não acabou. Salvo uma larga margem de erro, o profeta de Teresina — que não é exatamente um sacerdote maia — errou, o que não espanta. O que espanta é que mais de cem pessoas tenham atendido à insana convocatória, largado seus respectivos trabalhos e levado suas crianças (eram 32 na casa e foram “resgatadas” pela polícia) para um lugar onde só havia veneno de rato para comer.
Sem querer desmerecer o devanio apocalíptico no Piauí (ao contrário: o caso foi parar até no tabloide britânico The Sun), o fim do mundo mais concorrido dos últimos tempos ainda está por vir, por assim dizer, e com a proximidade do Juízo Final, marcado pelos maias para  o dia 21 de dezembro, aumentam as chances de pessoas levarem tudo isso a sério, a sério demais.
Armagedon antes do Natal?
“O que você faria se só te restasse um dia?”, perguntava o cantor Paulinho Moska em canção de sucesso dos anos 90 (que foi até tema de abertura da minissérie “O Fim do Mundo”, da Rede Globo). “Abria a porta do hospício”, dizia um dos versos da música, em resposta à intrigante indagação. Em se tratando de apocalipse, entretanto, talvez seja melhor fechá-la.
No fim de novembro a Nasa, agência espacial norte-americana, decidiu lançar uma campanha na internet para desmentir o fim do mundo, tendo em vista a enxurrada de cartas que a agência vem recebendo de pessoas preocupadas, e até desesperadas, com as “notícias” sobre o Armagedon para antes do Natal. Segundo os cientistas da Nasa, muitas dessas cartas têm sido enviadas por jovens e crianças e algumas delas falam até em suicídio.
“Há um caso de um professor que disse que pais de seus alunos estariam planejando matar seus filhos para escapar desse apocalipse. O que é uma piada para muitos e um mistério para outros está preocupando de verdade algumas pessoas, e por isso é importante que a Nasa responda a essas perguntas enviadas para nós”, disse o astrobiologista David Morrison, do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, à BBC.
A ciência em tempos de fim dos tempos
Um estudo realizado em meados deste ano pela Ipsos Global Public Affairs, com sede em Nova York, mostrou que quase 15% da população mundial acredita que o fim do mundo ocorrerá durante sua vida. E mais: 10% dos entrevistados levam a sério a história do fim do mundo em 2012 previsto pelo calendário maia. Entre os norte-americanos, a proporção é de 12%. Entre os chineses, 20%!
A Nasa fez uma teleconferência online de cientistas para combater esta prestidigitação e criou uma seção em seu site oficial intitulada “Para além de 2012: por que o mundo não vai acabar?”, na qual enfatiza que não há evidências de que os planetas do sistema solar estejam se alinhando, indícios de que uma tempestade solar possa ocorrer no final de 2012 e muito menos de que haja um planeta em rota de colisão com a Terra, entre outras, digamos, possibilidades.
No Twitter, a Nasa deixou o apelo: “A internet diz que o mundo acaba em 2012? Não acredite! Encontre os fatos científicos aqui”. Mas será a ciência capaz de aquietar os espíritos em obscuros tempos de fim dos tempos?

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